todo o nada me resta
da voz,
o silêncio
do toque,
o vento
dos olhos,
a réstia
a boca viaja
a outro porto
e a quem reporto
meu lábio d’água?
eu só lamento
que nem o tempo
nos aninhou
e agora às pressas
te barco súbito
já deslanchou
eu cavo a memória
à tua procura
e em cada loucura
não mais te acho
eu abro a porta
e vejo a agrura
e não aventura
nos meus passos
dói
corrói
destrói
cada tijolo de paixão
que sobre o meu chão
ficou cimentado
ah essa dor
que se mostrou amor
e agora se esconde
casamento carnal
lua de carnaval
sol de amantes
atrás do muro
ficaram sonho
e desencontro
de previsões
chegaram o choro
o engasgo
e a desilusão
perdi o rumo
e no meu prumo
falta o chão
fucei destino
brechei vidas
e enriqueci
guardo o tesouro
de poder dizer
que te vivi
felicidade
por sina
como a
vida quer
foi provar
tua alma
de menina
e mulher
me apego à saudade
para não te esquecer
és a sombra de amor
que só eu posso ver
2 comentários:
E o nada é o que resta
A ausência do tudo que representara
O Único em mim.
Tudo no Único.
Em mim o nada...
Até descobrir que sou eu a Ùnica
E que tudo agora é nada esperar.
Já não espero, portanto
Entretanto, no entanto...
Quem não espera sempre alcança.
Como pode um homem supostamente "grosso" ser poeta?
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