e lá vem ela, a vida
na estrada da incoerência
um trecho sinuoso
um atalho
um caminho improvisado
de repente, becos sem saída
onde o retorno é impossível
na encruzilhada do destino
um passo é decisão
uma via corta o tempo
e sangra de dores o coração
não há certezas no sentimento
nem verdades nas ilusões
somos entes vagos
reféns de acasos
subalternos a sinas
algemados a medos e pretensões
coração se bandeia e recusa
corpo oferece e se omite
alma fraquejada por promessas
em silêncio
nas lágrimas sobrepostas
o querer se impõe
na saudade revelada
o cheiro afaga
e se a realidade pede laços
titubeia-se de covardia
enamorada fica a aflição
quando voa-se na fragilidade
se o encontro é com a solidão
o sofrimento risca o peito
havia futuro em teus olhos
e caminhada no teu sorriso
mas ventou pressa e a urgência
assoprou o sonho no horizonte
a linha dos dias enovelou-se
na incerteza da tua ausência
seca a boca sem teu beijo
cegam os olhos sem teu brilho
morre a carne sem teu calor
a alegria cobra a brincadeira
e a madrugada recorda-se
é metade sem tetéu
hoje sou choro nada mais
no aluguel das recordações
no meu baú de emoções
eras o meu porto de paz
vida de aventuras
prazeres inconseqüentes
descobertas e segredos
sinônimos de felicidade
meu amor se escuda
mas não morre, é semente
tu se vais, eu receio
e me abraço à saudade
Nenhum comentário:
Postar um comentário