sexta-feira, 30 de maio de 2008

É tarde?

A palavra veio.
Sim.
Ressoou sentimento.
Tilintou paixão.
Vestiu-se de possibilidade.
Anunciou promessas outrora adormecidas.
Resgatou vontades antes afogadas.
Respirou ares de um vento deslizado no pretérito.
Suspirou desejo.
Assoprou resposta.
Sacudiu dúvidas.
E paixão.

O verbo esbarrou na porta.
Do tempo.
Deu de cara com as horas desconexas.
De frente para o presente.
De alma para o passado.
Deslocado na dimensão da realidade, sobrou-lhe o apelo.
O resquício da gravidade de corpos afastados.
De poder, virou esperança.
De domínio, fez-se escravo.
Virou espera.
Depois, medo.
Enfim, ânsia.
Implorou a metamorfose dos fatos.
Clamou milagre da compaixão.
O subterfúgio dos desesperados.

A frase se locupletou.
De vazio.
O silêncio se elegeu.
Brindou o olhar.
Esfriou a mente.
Imobilizou fonemas.
Tardou a ação.
Encontrou desencontro.
A reação ignorou a troca.
Parada, distante do momento,
ausente do enlace,
afastada da recaída,
mas presa ao querer.
Rendida pela saudade de uma chance sonegada.
Algemada pela ocasião de uma morte anulada.

Lados opostos.
Ímãs humanos.
Separados pelo fosso cavado entre ímpeto e rejeição.
No labirinto do destino, a saída quebrou.
A chave do risco não abriu insegurança.
Proposta degustou rejeição.
Janela se abriu ao prazer.
Mas se fechou ao horizonte do medo.
A distância embalou o amanhã.

Reticências viveram o sono.
Ilusões povoaram os sonhos.
Insônia do desengano.


Mas o acaso falou.
Ecoou no repente.
Acordou reencontro.
Desdisse sina.
Reviveu nervosismo.
Pôs madrugada diante de confissões.
Recosturou feridas.
Curou desânimos.
Ergueu ponte entre esquecimento e felicidade.
Soergueu fogo.
Erigiu prazer.
Rendeu lascívia.
Ensejou nova rota para voar sobre o abismo solitário da arritmia.

Entre amantes do nunca.
Entre beijos da dúvida.
Entre o nada e o abraço da reconquista do tempo.

É tarde?
Ou a vida dispensa os segundos?

Há somente uma página em branco.
E a história de dois corações a escrever.

3 comentários:

Anônimo disse...

Por que não junta seus versos e monta um livro? Vc não comenta sobre o que escreve e, portanto, ninguém tem acesso a essas belezas. Nem eu fico sabendo porque vc não fala...

Beijos

Renata Alapenha disse...

Tiago desculpa a invasão mais concordo com Catarina. Quase ninguém deve saber da existência desse seu blog e você tem um grande talento deveria desfrutar!

Anônimo disse...

Parabéns Tiago, é fabuloso tudo que escreve não poderia deixar de comentar.Um abraço...