quinta-feira, 14 de junho de 2007

Voar

Eu só queria um pedaço de liberdade
Para pisar num chão de que fosse dono
Marcar passos no rol da vontade
Satisfazer o desejo que aprisiono
Percorrer labirintos da minha verdade
Pelos becos de medos que me dão sono

Eu queria acordar sem a nuvem do ontem
Impedindo o sol da cortesia matinal
Queria que as aves no meu ritmo cantassem
Como se saudassem de frevo meu carnaval
Eu dançaria num compasso vindo do além
Celebrando o desfile de um ego imortal

Se meus pés fossem como forças do ímpeto
Mãos eu teria para enfeitiçar meu futuro
O destino seria descendente do arbítrio
A magia me faria ver luzes no escuro
Virtudes seriam o meu mais nobre título
Defeitos sumiriam em fábulas do absurdo

Se a liberdade fosse minha relíquia
Mares choveriam em minhas pálpebras
Dias nasceriam em risos de poesia
Noites sangrariam em meio a anáguas
Um arco-íris dos olhos resplandeceria
Para colorir as faces da minh’alma

As bocas seriam meu pouso seguro
Por entre pernas eu faria a minha rota
Corpos sedentos no horizonte futuro
Prazeres suados na sola das botas
Amores sóbrios em verso duradouros
No efêmero ébrio das próprias órbitas

A liberdade é de toda sorte um prêmio
Que minha caminhada tenta conquistar
Errante perambulo em sonho ingênuo
De que os poemas até ele vão me levar
Mas sinto que preciso do que não tenho
O poder de subir aos céus e voar

Um comentário:

Jussara Correia disse...

"Liberdade é pouco, o que eu desejo ainda não tem nome"
Clarice Lispector