terça-feira, 26 de junho de 2007

Verso interrompido

Sou um verso interrompido
Uma palavra inacabada
Um som emudecido
Uma frase seqüelada

Sou um vento estagnado
Uma brisa esquentada
Um mar ressecado
Uma lágrima amarga

Sou um sonho recaído
Um pesadelo arruinado
Um desejo esquecido
Um anseio relegado

Sou uma vontade vencida
Um ímpeto estrangulado
Uma meta desvanecida
Um destino desavisado

Sou uma sorte enganada
Um labirinto fechado
Uma esquina passada
Um caminho idealizado

Sou metáfora recontada
Uma comparação indevida
Uma qualidade ofuscada
Uma hipérbole contida

Sou um teimoso limitado
Um pecador iludido
Um confidente arriscado
Um amante aturdido

Sou uma emoção repartida
Um sonhador enraizado
Uma canção rediscutida
Um namorador abonado

Sou somente um ardor
Que no dia se espalha
Sou pedaço de uma dor
Que no peito resvala

Mas no teatro da vida
Faço as vezes de um ator
Contraceno com a saudade
Nas cortinas de um amor

Um comentário:

Unknown disse...

Lindo! Melhor do que ler esses versos, é senti-los na prática.
Um beijo
Parabéns pelo blog, de muito bom gosto, viu?
Catarina Martorelli