Cedi à seda
De uma paixão que alinha
Transformei em agulha
A textura d’alma minha
E costurei meus dias
No teu destino
Com os fios dos teus olhos
Tricotei um cobertor
Fiz do abraço um tecido
E o meu aquecedor
Em que me protejo do frio
Onde não há teu amor
Sinto a maciez do algodão
No toque dos teus sonhos
E me é leve a tua mão
Quando cose o linho
Que forra meu coração
E o borda em teu ninho
Eu te invento em botão
Para preencher a casa
Da vestimenta que uso
Quando sinto que a razão
É linha que se desata
Na emoção do teu riso
Aliso tua pele de lã
E te estofo inteira em desejo
Entrelaço a noite com a manhã
No vestuário só do teu beijo
Me esqueço de uma vida sã
Que se descose no devaneio
Nossos corpos traçam luz
Adornados em eternidade
Na linha de um flerte você seduz
E une em nó as duas metades
Que se emendam em ponto-cruz
Entre espíritos e a vontade
Não tem espaço a traça
Que não traça nossos fios
Não há terreno pra ameaça
Que amedronte nosso brio
O que se sutura na graça
Desgraça este desafio
E se o corte insiste
Dividindo a nossa malha
Crio novos modelos
De uma vida que se retalha
Sem rasgar sentimentos
Se renovando com a batalha
Emendo as fibras soltas
E amarro teu corpo ao meu
Uno matéria, costuro planos
Em fazenda que me prometeu
Cobrir o futuro com um pano
Que fez da estampa você e eu
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