quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Ruge

Ruge o peito imaculado
Na canção que eu te fiz
Chora a mão que ainda insone
Eu te dei, você negou
Rezo só que dor consome
Solidão que jamais quis
Mordo o tempo fatiado
Por amor que se atrasou

Herdo o tudo esvaziado
Só poesia me restou
Verso quando ama come
As sobras de um infeliz
Peço a rima que retome
O que a jura não vingou
E meço os dias no aguardo
Do amor que nos condiz

Caça o olhar ventilado
Pela rima que assoprou
Passa pelo beijo e some
A minh’alma que foi triz
Morre no passado o nome
Que de mel te batizou
Provo do minuto o fado
Que a vida não dá bis

Rosna o passo baqueado
Pela dama de verniz
Pisa no chão que se esconde
Do caminho que já secou
Vento quero que te conte
Excomungaste à raiz
Um instante eternizado
Que num amor se plantou

Late o berço naufragado
Por quem foi e não voltou
Pede o sonho que se banhe
Na ausência em que jazi
Pesadelo já não dorme
Por um canto que faltou
Pra um tempo inacabado
Tu partiste, eu me parti

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom, muito bom!

HUAHauHAuahUAHauHAUhauHAUauHAUhauhauHAUhauHAUhaUAHUAHuaHAUhaUAHuahAUhaUAHUAhauHAuahUAhauHAUahuhaUAHauhaAU