segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Demites

Demites prazer desempregado
Como quem enxerga sem ver
Refugas desejo insaciado
Pelo despacho de clichê
Optar certo em meio errado
É um erro se há querer

Palavra de tempo esvaziado
Morre bem antes de nascer
Sofre o peito esfacelado
Pelo que não mais se crê
Onde morou o bem-amado
Hoje se aloja o desprazer

Fui teu céu sempre nublado
Quis trovejar e fiz chover
Banhei de sombra o passado
Para a atmosfera reger
Mas de um clima ressacado
Restou a seca em não te ter

Farejei vento perfumado
Acalentei brisa em você
Do ar sobrou-me agora o fado
Que não consigo mais sorver
E o teu olhar de arejado
Só respira o meu sofrer

Apresso o passo sufocado
Pela ausência do teu ser
Já não dou mais meu recado
Espreito a dor me corroer
Se te fiz minha num reinado
Vejo meu trono arrefecer

O convite ainda assanhado
Ruboriza ao me entreter
Brinquei de amar o pecado
E tropecei sem perverter
Promíscuo carma anunciado
É desmentido ao se benzer

Cambaleio meio desavisado
Porque não soube bem te ler
O meu feitiço decorado
Desbotou por não te ter
Escrevo um sopro rabiscado
Pra teu destino me reter...

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