domingo, 19 de outubro de 2008

Tempo

O tempo chora os dias idos
e enerva-se com o amanhã
todo minuto é a ponte
entre emoções visitadas

nasce o segundo da morte
do instante passado
cresce a vida nas horas
feitas de pó e de vento

mente quem toma pulso
de incertezas cronológicas
o tempo passeia livre
das amarras do meu tempo

se domino um momento
breve é o meu controle
movediça e tão efêmera
imortalidade me escorre

eu escrevo e marco meses
mas não os aprisiono
o calendário agendo e tento
e me atraso em cada sonho

se me adianto e penso
e algemo e ordeno
sorrio e choro e magoou
canso de cronometrar

não toco futuro longe
ou guardo passado perto
vivo hoje indiferente
pelo destino encoberto

e embarco na balsa da vida
sem qualquer faz-de-conta
o acaso o leme me aponta
o agora é quem me duvida

e nas ondas do tempo parto
um olhar em cada partida
na volta para um espaço
refaço minha guarida

sem lágrimas pro que se foi
sem sorrisos pro que virá
canonizo a surpresa
o presente é meu altar

ancoro o efêmero e marco
meu tempo é o que vejo
minhas horas o que sinto
meus minutos um desejo

o meu segundo é a sina
na eternidade de um beijo

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